Clonagem deixa usuários de cartão de crédito apreensivos em Natal

Um homem gordo, de cor morena, cabelos grandes, demostrando semelhanças com o cantor Tim Maia, mas usando uma pequena barba e identificando-se como Vilson Guedes da Costa Junior está comprando no comércio de Natal com cartões de crédito clonados. A denúncia foi feita à reportagem do Diário de Natal por um operador de rádio, 46 anos, cliente de uma das principais bandeiras de cartão do mercado, que foi lesado este mês em R$ 10.583,29 de compras e pagamentos realizados no cartão adicional em nome de sua esposa.

Segundo o operador de rádio, que não quis se identificar, as movimentações foram feitas em supermercados, padarias e lojas de peças de carros. Ele disse que percebeu a fraude quando foi verificar o extrato para programar seus pagamentos. "Foi grande a surpresa ao constatar os vários pagamentos de contas no dia 24/05, com valores de R$ 1.100, R$ 1.150 e outra no valor de R$ 1.200, além de uma compra numa panificadora no valor de R$ 15,30. Ele relata que no dia 26 de maio foram mais quatro pagamentos: o primeiro de R$ 1.350, o segundo de R$ 1.338, outro no valor de R$ 1.350 e ainda R$ 1.300. As compras continuaram no dia 27/05, desta vez parceladas em três vezes de R$ 263,33 e, numa loja de colchão, comprou em 10 parcelas de R$ 99,00".

Após constatar o problema, o operador de rádio procurou a central do cartão de crédito para pedir o bloqueio, depois entrou em contato com as lojas para tentar fazer o retrato falado do estelionatário. Em seguida, ele registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Plantão da Zona Norte e na Delegacia Especializada de Defraudações e Falsificações. A central retirou apenas do seu extrato os valores referentes às compras, ele agora espera que a operadora faça o mesmo com relação aos valores de pagamento.

De acordo com informaçoes que colheu nos estabelecimentos comerciais, ele disse que quem fez a compra apresentava uma carteira de identidade de Vilson Guedes da Costa Junior e um número de celular para contato 9112.1488 (só chama e cai na caixa postal). Numa equipadora, o falsário chegou em um carro VW Gol branco, geração 5, acompanhado de uma loira.

A reportagem do Diário de Natal procurou o delegado de Defraudações e Falsificações, Custódio Ricardo Arraes Neto, que assumiu o cargo esta semana e por isso ainda não dispõe de dados estatísticos sobre clonagem ou outros golpes praticados com cartões magnéticos em Natal. Ele apenas disse que já encaminhou para a Justiça o inquérito do último caso, que resultou na prisão dos estelionatários Emanuel Aldo Cordeiro, mais conhecido por "Ceguinho", de 27 anos e Dimanche Alexandre Barros de Souza, 35. A dupla foi presa em flagrante no mercado da Avenida 4, no Bairro do Alecrim, após tentar comprar equipamentos fotográficos com cartões clonados. Com eles, foram encontrados equipamentos para a fabricação dos cartões clonados e duas máquinas impressoras próprias para cartão.

Vítima duas vezes

Quem ainda não teve o cartão clonado conhece alguém que já passou por isso", desabafa a assistente social Letícia Duarte que por duas vezes teve seu cartão de crédito clonado e teve prejuízos por conta disso. Nos boletins de ocorrênica que chegam à Delegacia Especializada de Defraudações, as vítimas de fraude nos cartões relatam não apenas clonagem, mas cartões trocados nos caixas eletrônicos por pessoas que se passam por funcionários, outras relatam que tiveram seus cartões desviados por empresas terceirizadas e há aqueles clonados por máquinas chupa-cabra que é a clonagem propriamente dita.

R$ 40 milhões

Em 2009, o prejuízo foi de quase R$ 40 milhões com fraudes envolvendo cartões. A estimativa foi divulgada pela Horus, empresa especializada em meios eletrônicos de pagamento, que atua em consultoria e serviços para a prevenção a fraude. Segundo levantamento realizado pela empresa, foram mais de 13 mil cartões clonados em todo o país.

Fique atento

Dicas para evitar fraude

- Observar atentamente os caixas eletrônicos: se todos estiverem desligados ou em manutenção e apenas um operando normalmente, desconfie.

- Reparar se o layout de todos os aparelhos é igual e se todas as peças estão devidamente conectadas.

- Desconfie se o equipamento do banco usar uma ordem diferente da normalmente solicitada pelo seu banco para realizar as operações

- Jamais aceite ajuda de estranhos para realizar as transações no caixa.

- Peça sempre ajuda de um funcionário devidamente uniformizado ou identificado, preferencialmente, indicado pela gerência.

- Quando for comprar com o cartão, nunca deixe o funcionário do estabelecimento levá-lo, sempre o acompanhe e fique atento a movimentos estranhos que ele possa fazer. Até calculadoras já foram apreendidas com leitora de cartões (chupa-cabra).

- Preste atenção ao visor da máquina e tenha a certeza de que o valor de compra foi digitado antes de colocar a sua senha.


Fonte: DNonline