PMs são acusados de agredir moradores de rua no Centro de Natal

A Polícia Militar está investigando uma suposta ação truculenta que teria sido praticada por PMs a moradores de rua que se abrigam em uma casa abandonada da Rua Juvino Barreto, no bairro de Cidade Alta, Centro de Natal, ocorrida na tarde da segunda-feira. Segundo a desempregada Nicarla Lins Albuquerque, 32, que testemunhou o fato, os policiais teriam invadido o local, por volta das 12h, e espancado quatro dos moradores que dormiam. A polícia estaria à procura de supostos ladrões. O major PM Marlon de Góis, comandante das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocilitas (Rocam), afirma que as circunstâncias estão sendo apuradas e diz que a ocorrência partiu de uma denúncia feita por dois flanelinhas, indicando o local como esconderijo para produtos de roubo a clínicas da cidade.

Nicarla Lins conta que, no início da tarde da segunda, a casa abandonada, onde cerca de 20 moradores se abrigam, foi invadida primeiramente por dois homens sem farda, perguntando por outra pessoa que ela não soube dizer e que estaria com produtos roubados de uma clínica. Ainda segundo ela, juntamente com esses dois homens, várias viaturas da Rocam chegaram ao local e deram início ao espancamento.

A desempregada afirma que quatro dos moradores de rua que residem no local foram agredidos com chutes, paus, coronhadas e até com um martelo. "Meu companheiro é pedreiro e tomaram as ferramentas dele para bater no pessoal". Como não encontraram o que queriam, os policiais e os outros dois suspeitos deixaram o local após as agressões. As quatro vítimas foram então ao Hospital dos Pescadores, onde foram atendidos e liberados. A equipe do Diário de Natal esteve no local ontem pela manhã e procurou conversar com as vítimas, mas nenhum deles quis dar declarações, por medo de represálias.

Ainda ontem pela manhã, a capitã PM Edimeiry Neves Cassiano, comandante da Companhia de Policiamento Feminino, foi até o local para colher mais informações sobre o fato, pois tinha sido designada para apurar a ocorrência. Diante do que ouviu das vítimas, ela diz que a polícia pretende fazer um levantamento para saber se houve uma operação no local e apurar os responsáveis. A PM também prestou atendimento às vítimas, levando-as para atendimento junto ao hospital da corporação.

O comandante da Rocam afirma que está trabalhando para identificar os policiais envolvidos na ação. Marlon de Góis explica que, segundo informações ainda não oficiais, policiais teriam sido abordados por dois flanelinhas, no início da tarde da terça, afirmando saber onde estavam escondidos materiais que teriam sido roubados de clínicas da cidade. Esses dois homens teriam levado a Polícia à casa abandonada e teriam começado uma discussão com os moradores do local. "Mas essa história também precisa ser esclarecida". Segundo o major, caso fique comprovado o excesso dos policiais, eles serão encaminhados à Corregedoria de Polícia e poderão responder a processo administrativo e serem punidos com advertências ou até exclusão.


Fonte: DNonline