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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Aos 18 anos, Felipe Santos é suspeito de oito assassinatos



Filhos de pais separados e tendo concluído apenas o quarto ano do ensino fundamental, Felipe Santos Araújo, aos 18 anos já é suspeito de ter "nas costas", como se diz no jargão policial, pelo menos oito homicídios, num período de apenas um ano.
O primeiro crime de assassinato, segundo admite o próprio Felipe Araújo, mais conhecido por "Coqueirinho" ou "Coqueiro" na área do Bom Pastor, onde vinha morando com a mãe e o padastro, foi cometido quando tinha 17 anos. A vítima, uma pessoa conhecida como "Carlos", morta por vingança, "porque ele me deu um tapa na cara".

Dos oito crimes imputados a "Coqueirinho", segundo a Polícia, seis foram praticados na adolescência, dos quais três ainda estão sendo alvo de investigação policial. Pelos outros três ficou apreendido por um ano e quatro meses como medida socioeducativa no Centro Educacional (Ceduc) do Pitimbu.

O chefe de investigação do 8º Distrito Policial, Waldir Freire, diz que em fevereiro "Coqueirinho" saiu do Ceduc do Pitimbu, na Zona Sul de Natal, mas quatro meses depois cometeu mais dois crimes, já depois de ter alcançado a maioridade.

Embora não quisesse gravar entrevista de áudio e vídeo, "Coqueirinho" não se esquivou de falar para os repórteres de que uma das vítimas, "Jailson Magão", foi morto porque "queria ser mais do que eu".

Agora, "Coqueirinho" encontra-se preso por força de mandado judicial expedido pela juiza Valéria Lacerda Rocha, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Natal, acusado de ter matado a tiros o cadeirante Marcelo Fernandes da Silva, 35 anos, crime ocorrido às 17 horas do dia 9 de julho de 2012, ocasião em que a vítima encontrava-se na porta de sua casa.

O chefe de investigação Waldir Freire disse que os crimes tinham como causa "a disputa por espaço de gangues" no Bom Pastor e na Favela do Camboim, onde o acusado vinha morando com a sua mãe. "Coqueirinho" se diz viciado em maconha, mas sua prisão ocorreu por acaso, na tarde de sábado, dia 29 de setembro, nas proximidades do terminal rodoviário da Cidade da Esperança.

"Coqueirinho" caminhava pela rua Capitão Mor Gouveia e ao avistar a guarnição 176 da Rocam, da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, saiu correndo depois de efetuar dois disparos contra a viatura que estava em patrulha de rotina.

O acusado foi perseguido por uns 40 minutos, inclusive pulando o muro de um condomínio em construção ao lado da rodoviária da Cidade da Esperança, onde ele se desfez da arma usada para atirar na Polícia.

Como os PMs não encontraram a arma para comprovar a materialidade da tentativa de homicídio, "Coqueirinho" só não foi liberado da Plantão Zona Sul na noite do sábado, porque um policial do 8º DP, que estava na escuta da frequência de rádio, soube da prisão do acusado e informou que havia um mandado de prisão expedido contra ele pela 3ª Vara Criminal de Natal.

Processos contra jovens aumentam 400% em Natal

Felipe Santos Araújo, hoje com 18 anos, até bem pouco tempo fazia parte das estatísticas que estão preocupando a Justiça e a população do estado: o aumento de processos judiciais envolvendo menores de idade. Em reportagem publicada na edição de 8 de setembro passado, pela TRIBUNA DO NORTE, o juiz Homero Lechner, que há anos atua na 3ª Vara da Infância e Juventude afirmou que o número de processos contra adolescente aumentou em 400%.

Os dados são da 3ª Vara da Infância e Juventude, a única a tratar de atos infracionais de adolescentes em Natal. Ato infracional é o termo correto para designar "crimes" cometidos por adolescentes. Um levantamento obtido junto à Justiça estadual mostra que há oito anos o número de processos relativos a adolescentes era bem menor. Exemplo: no mês de maio deste ano chegaram à 3ª Vara 125 processos envolvendo adolescentes; o mesmo mês em 2004 teve um número muito inferior, de 30 processos, ou seja quatro vezes menor.

Esse aumento citado pelo juiz Homero Lechner não tem acontecido de maneira uniforme. Entre 2004 e 2012, o número de adolescentes em conflito com a lei passou por oscilações, tendo atingido o seu auge em 2007, com 1,2 mil casos nos 12 meses do ano. A tendência desde 2009 era de diminuição. Em 2010, por exemplo, o ano inteiro totalizou 662 processos distribuídos para a 3a. Vara da Infância e Juventude da capital. Mas recentemente a quantidade voltou a crescer em 2012 e caso a movimentação continue a mesma as estatísticas no fim do ano irão superar a média de 2007, até agora o ano mais violento da década.

Além do aumento quantitativo, todos os envolvidos no processo de investigar e punir os atos infracionais cometidos por adolescentes apontam uma mudança "qualitativa". O perfil dos atos infracionais tem mudado para "pior". Há oito anos os adolescentes em conflito com a lei cometiam atos mais leves.


Fonte: Tribuna do Norte

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