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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Detento fala dos momentos durante sequestro de agente

Uma semana após o episódio envolvendo o detento Leandro Felipe Leocádio, de 25 anos, e uma agente penitenciária federal identificada apenas por Priscila, oportunidade em que ela foi mantida como refém durante oito horas em uma das guaritas do Presídio Federal de Mossoró (PFMOS), o interno do Complexo Penitenciário Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) concordou em conceder uma entrevista exclusiva ao jornal "GAZETA DO OESTE".
Alternando momentos de choro e sorrisos, e ainda muito transtornado com o incidente, Leandro Leocádio disse estar arrependido e pediu para ser internado no Hospital de Custódia, localizado na Zona Norte de Natal.
Atualmente preso no setor de triagem da Mário Negócio, Leandro admitiu que não tinha a intenção de fugir quando tomou a decisão de fazer a agente de refém e que seu objetivo era conseguir ser transferido para um hospital.
Ele narrou os momentos que antecederam o sequestro e disse que foi influenciado por uma série de fatores como depressão, a falta de medicamentos e as constantes ameaças que vinha sofrendo dos demais companheiros de cela.
Leandro disse que no dia do crime, já chegou para trabalhar bastante abalado pela falta de medicamentos controlados. Ele narrou que estava distribuindo garrafões de mineral nas guaritas e que a faca utilizada por ele era usada para abrir os depósitos de água.
"Ela estava em baixo da guarita quando me aproximei com a faca dentro de um balde. Quando ela percebeu a faca, ficou assustada foi quando conseguiu pegar a pistola. Subimos até a guarita", declarou.
Segundo detento, o momento mais tenso foi quando ele efetuou disparos com a pistola da agente. "Eu temia ser morto ou que eles invadissem o local. Quando atirei estava abaixado e em direção ao alto, em direção à janela", esclareceu.
Leandro declarou estar disposto a seguir tratamento médico e que tem um sonho quando sair da prisão. "Sempre sonhei em ser piloto de motocross. Já trabalhei como mototaxista e tenho saudade daquele tempo", desabafou.
Outro desejo de Leandro Felipe é retornar a viver na companhia de sua família. "Pretendo criar meus filhos e servir de exemplo para evitar que jovens se afastem das drogas", disse.
O preso falou que sua vida de crimes está diretamente relacionada ao consumo de crack e que começou a roubar para manter o vício. Na primeira vez que foi preso, Leandro Felipe furtou três litros de cachaça.
Na segunda vez, praticou um assalto que lhe rendeu R$ 127,00, para pagar uma dívida de R$ 17,00 que ele havia contraído por causa das drogas.
Daí pra frente, ele passou a praticar crimes em série, até ser preso e condenado. Leandro Felipe foi condenado a primeira vez em abril de 2008. Escapou do presídio em 24 de outubro de 2008. Entregou-se, a pedido do pai, no dia 25 de agosto de 2009. Ele iniciou em projetos de ressocialização (Filosofarte), onde frequentava aulas de violão. Ficou no regime fechado até 19 de abril de 2010, época em que começou a trabalhar na faxina do Presídio Federal. Faltavam apenas um dia para ele conseguir a liberdade, quando praticou o sequestro.

Medo — Leandro Felipe também teme ser morto por colegas de cela que ficaram revoltados com o sequestro, já que após o crime os detentos do semiaberto perderam uma oportunidade em continuar trabalhando no Presídio Federal. Após o incidente ocorrido no PFMOS, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) abriu uma licitação para contratação de uma empresa privada para realizar serviços de limpeza e conservação do presídio.
Outro temor que aflinge o preso é o medo dele ser assassinado em sua cela depois que seus colegas descobriram que ele é filho de um policial militar reformado. "Eles podem ma matar só pelo fato de eu ser filho de um policial", teme Leandro Felipe.

Transferência — O diretor do presídio, tenente-coronel Francisco Alvibá Gomes, informou que a transferência de Leandro Felipe para o hospital de custódia ainda não tem data para acontecer. "Para que isso ocorra, depende de uma série de fatores, como disponibilidade de vaga e autorização judicial", explicou.


Fonte: Gazeta do Oeste

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