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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"Depois do assalto, decidi que vou morar em apartamento"

A polícia civil já identificou dois dos quatro bandidos que assaltaram os desembargadores João Rebouças, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN), e Osvaldo Cruz. O assalto foi realizado na casa do desembargador Rebouças, na manhã da última segunda-feira. Os bandidos promoveram um "arrastão" na residência do magistrado e conseguiram levar cerca de R$ 10 mil em espécie além de vários objetos pessoais das vítimas. Foi a segunda vez que a casa do presidente do TRE/RN vira alvo dos bandidos. Para fugir da violência, o desembargador decidiu mudar de endereço. "Vou morar em apartamento", disse. O crime está sendo investigado pela Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), sob coordenação da delegada Sheila Freitas. Ontem, o desembargador João Rebouças recebeu a reportagem da TRIBUNA DO NORTE em seu gabinete no TRE/RN. Ele contou como foram os quase dez minutos sob a mira de quatro armas. Confira:

O senhor é morador de Capim Macio há quanto tempo?

Há 25 anos moro ali.

E já assaltado alguma vez?

Essa é a segunda vez que fui assaltado. Há três anos, aconteceu uma coisa parecida. Tivemos esses dois casos. Fomos assaltados por três bandidos.

E como foi que aconteceu dessa vez?

Eu recebi a visita de Dr. Osvaldo [desembargador afastado do TJRN, Osvaldo Cruz], por volta das 7h30, conversamos um pouco e quando ele foi sair de minha casa, duas pessoas surgiram andando. Eu disse: 'Osvaldo, entre no carro que eu vou entrar em casa'. Eles foram lá e um abordou Osvaldo e o outro tentou entrar na casa. Na porta tinha um vidro pequeno, ele meteu o pé e quebrou. Eu travei a porta e ele disse que era pra eu abrir se não iria atirar em Osvaldo. Eu disse que não atirasse e abri a porta.

Ao ver os dois homens, o senhor já percebeu que se tratava de um assalto?

Sim. Tenho essa cautela. Quando vejo motocicleta, carro parado na rua, tenho cuidado.

Quem estava em casa?

Eu, Osvaldo e minha esposa. Meus dois filhos que ainda moram comigo [um casal] já haviam saído.

Ao entrar na casa, o que eles disseram?

Um deles disse que ia atirando porque eu fechei a porta. Expliquei que foi uma reação natural de quem é humano. Disse também que eles podiam levar tudo.

Todos ficaram calmo?

Sim. Eles estavam calmos e nós também ficamos calados. De repente chegou mais dois assaltantes. Todos armados.

Eles sabiam quem era o senhor?

Não. Não sabiam. Um deles olhou minha carteira de identidade e achou que eu era policial. Eu disse: 'Não sou policial. Sou magistrado do bem'. Ele disse que não ia mexer comigo e perguntou quanto eu tinha em casa. Fui com ele no cofre e entreguei o dinheiro.

Quanto o senhor entregou?

Ele foi comigo no quarto, sempre com a arma apontada pra mim. Pedi que ele abaixasse porque ficaria nervoso. Ele abaixou a arma. Não sei bem quanto entreguei, mas foi cerca de R$ 10 mil.

Como eram esses assaltantes?

Eram pessoas novas, bem arrumadas, se os vissem na rua não desconfiaria nunca que eram assaltantes.

Depois que o senhor entregou o dinheiro, o que aconteceu?

Eles pediram jóias, mas eu disse que não tinha jóias, pois sou um trabalhador e não as tenho. Um deles abriu o guarda-roupa e viu uns relógios. Disseram que iam levar. Pediram o relógio de Osvaldo, a aliança dele, a minha aliança, da minha esposa, os celulares de todos. Levaram umas bijuterias de minha esposa, camisetas que uso para trabalhar e caminhar, perfumes, algumas canetas da marca Mont Blanc, seis vinhos que estavam em minha adega, tênis e dois bonés. Pediram arma, mas eu não tinha arma em casa. Acho que somando todos os bens, deve dar uns R$ 30 mil.

Não houve agressão?

Não. Eles estavam calmos o tempo todo. Ficaram mais calmo quando viram o dinheiro. Ainda disseram que queriam nos colocar dentro do banheiro, mas eu questionei a necessidade disso e eles decidiram nos deixar livre mesmo.

E a esposa do senhor, não ficou nervosa?

Não. Ela até quis enfrentar os assaltantes, dizendo que não ia entregar o celular, a bolsa. Um deles disse que ia atirar na cabeça dela, mas eu pedi calma e eles não fizeram nada. Disse que eles ficassem à vontade.

O senhor tem sistema de segurança em casa?

Tenho.

As imagens então vão ajudar a polícia.

Tivemos um problema. Temos 14 câmeras no condomínio das três casas, mas por alguma razão que não sei qual é, as imagens não foram gravadas. Mas um vizinho também tem câmeras e conseguiu pegar alguma coisa.

O senhor já tinha esse equipamento antes do primeiro assalto?

Não, coloquei depois do assalto.

E como ficaram os moradores das outras casas?

Eles perceberam, ficaram dentro de casa e ligaram para a polícia. Os bandidos viram que tinha mais gente e decidiram ir embora.

E agora, qual atitude vai tomar?

Decidi que vou morar em apartamento. É a segunda vez que isso acontece. Tenho um apartamento que está alugado e vamos morar lá. A família decidiu isso, meus filhos pediram isso.

E a polícia, demorou a chegar?

Graças a Deus não chegou ninguém na hora. Deus é muito bom para mim. Dra. Sheila chegou com uns quinze minutos que eles [os bandidos] saíram de lá.

Fonte: Tribuna do Norte

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